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Festa da Exaltação da Santa Cruz

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.


Excelentíssimo e Reverendíssimo Bispo Auxiliar de nossa Arquidiocese, Dom Romanós Daoud

Reverendo Clero,

Excelentíssimo Sr. Kabalan Frangie, digníssimo Cônsul Geral do Líbano em São Paulo, ao qual damos, em nome de toda a nossa comunidade, as boas-vindas,

Digníssimos Senhores Conselheiros de nossa Igreja,

Diletos filhos espirituais em Jesus Cristo.

Hoje, neste domingo, estamos celebrando a Festa da Exaltação da Santa Cruz, cuja data fixa é 14 de setembro, e que celebramos hoje para que um maior número de fiéis possa participar e receber as bênçãos da Cruz do Senhor Jesus.

Todas as festas eclesiásticas têm seu significado próprio e sua motivação, e sua celebração anual transmite benefícios espirituais aos fiéis que delas participam.

A celebração da Santa Cruz ocupa lugar especial e muito importante no ciclo anual da liturgia Ortodoxa, sempre lembrada e celebrada várias vezes ao ano, aproximadamente 20 vezes, sendo toda quarta-feira e sexta-feira do ano dedicadas à Santa Cruz.

E a festa de hoje, a Exaltação da Santa Cruz, o que significa exatamente?

Do ponto de vista histórico, a Tradição Eclesiástica nos transmitiu, primeiramente, que o imperador Constantino, ao se preparar para uma importante batalha contra seus adversários, viu no Céu a figura luminosa da Cruz, junto da qual estava a inscrição: “com este sinal vencerás.”

O imperador adotou, então, o sinal da Cruz como símbolo e mandou colocá-la nos estandartes de seu exército, e venceu seus inimigos.

Ainda nos conta a mesma tradição da Igreja que, no ano 20 de seu reinado, Constantino, por iniciativa de sua mãe, a imperatriz Santa Helena, enviou uma delegação à Terra Santa para procurar o madeiro da Cruz de Jesus, e foram descobertas três cruzes juntas.

Para distinguir a de Jesus, o Bispo de Jerusalém, Macários, as aplicou sobre o cadáver de um homem e, ao simples contato com aquela que sustentou o Salvador do mundo, ele foi milagrosamente ressuscitado, sabendo-se, então, qual era a Cruz do Senhor.

Com isso a Santa Cruz foi retirada de sob a terra e exaltada, pelas mãos daquele santo Bispo, à frente de todos.

Com a Santa Cruz ele abençoou o povo ali presente, e todos clamaram de coração e com fé, em alta voz: “Kyrie, eléison!”, ou seja, “Senhor, tem piedade!”, 40 vezes a cada súplica.

Por isso, na cerimônia da Exaltação da Santa Cruz, ao final da Santa Missa, como faremos hoje, durante a procissão em torno da mesa, a Cruz é elevada, enquanto se diz repetidamente “Kyrie, Eléyson!”

Mas o mais importante nesta festa não é o fazermos memória da elevação e exaltação da Cruz do Senhor, mas que nos lembremos de tudo que foi feito por nós e para nossa salvação através da Santa Cruz.

São João Damasceno explica isso, dizendo:

“Pela Cruz veio a alegria ao mundo inteiro; a natureza caída de Adão foi elevada e revelou-se o plano salvífico de Deus.”

O Tropário desta festa evidencia seu significado histórico-teológico:

“Salva, ó Deus, o teu povo e abençoa a tua herança; concede às tuas Igrejas vitória sobre os inimigos e protege, pelo poder da tua Cruz, este povo que é teu”.

Este cântico se caracteriza pelo tom de triunfo, ao apresentar a Cruz como instrumento de salvação e vitória sobre os inimigos da fé e do povo cristão.

A importância da Cruz do Senhor está expressa em quase todos os escritos dos Santos Padres, e suas palavras são fruto da experiência e vivência dos valores da Santa Cruz.

Santo Efrém, “o Sírio”, e outros santos, nos dizem que “a Cruz eliminou as trevas e trouxe-nos a luz.

“Através desta arma sagrada Jesus esteve no seio do inferno e fechou a boca do demônio, que procurava aprisionar a todos.”

A Cruz é, então, instrumento e caminho: instrumento de salvação, e caminho da morte para a ressurreição e a vida eterna.

A Cruz do Senhor é expressão única e inigualável do amor divino pela humanidade, por sua salvação, como nos diz o evangelista São João:

“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.”

A Cruz foi o altar no qual o Senhor Jesus se entregou voluntariamente em sacrifício, para tirar os pecados do mundo e salvar o homem da morte, trazendo-o novamente para o seio do Pai Celeste, do qual o homem havia se afastado pelo pecado.

E este desejo de Deus pela salvação de todos se manifestou na Cruz de Cristo.

Por isso nós devemos fazer o sinal da cruz em tudo que realizamos.

É, então, com orgulho que fazemos o sinal da cruz, invocando a bênção da Santíssima Trindade sobre nossa fronte e sobre todo o nosso corpo, para nos armarmos com esta arma invencível de Cristo, porque Jesus venceu a morte, e é a esperança dos fiéis e a luz do universo, que abriu para nós as portas do paraíso e fortaleceu nossa fé.

Tudo isso que dissemos sobre a Santa Cruz está expresso, particularmente, na procissão que se realiza ao final da Divina Liturgia, quando a Santa Cruz é conduzida solenemente entre os fiéis, até o altar, em uma bandeja com flores e três velas.

E, ao final, ao nos aproximarmos da Santa Cruz, exaltamos a Cruz do Senhor e glorificamos sua Ressurreição.

Por isso, deve ser grande nossa devoção e gratidão ao Senhor pelo supremo dom de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, ao participarmos da procissão e veneração da Cruz, recebendo as flores abençoadas, as quais nos lembram, com seu agradável odor, daquilo que o apóstolo São Paulo chamou de “o bom perfume de Cristo”, que nós, que nos aproximamos da sua Santa Cruz, devemos exalar.

Finalmente,

Desejamos que a Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo guarde a todos vocês, seus familiares e seus lares, concedendo-lhes sempre os frutos benditos, as bênçãos do Senhor Ressuscitado, com a vida verdadeira.

Que esta data abençoada se repita em suas vidas por muitos anos, com saúde, alegria e paz.

Deus os abençoe.

Dom Damaskinos Mansour

Arcebispo Metropolitano

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