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Celebracão pelo Dia dos Pais

Digníssimas autoridades religiosas, diplomáticas e civis em geral,

Caríssimo irmão mo Episcopado, Dom Romanós,

Reverendos Padres,

Excelentíssimo Senhor Ziad Aytani, novo Cônsul Geral do Líbano no Rio de Janeiro, ao qual dizemos: Seja bem-vindo!

Ilustríssimos Senhores presidente e demais membros da Sociedade São Nicolau,

Ilustríssimos Senhores e Senhoras representantes de entidades,

Caríssimos amigos e fiéis.

Disse o Salmista: “Bem-aventurado o homem que teme ao Senhor, e se compraz nos seus mandamentos; sua memória será eterna.”

Sim, a sua memória será eterna.

Nos reunimos hoje, Dia dos Pais, para nos lembrarmos e rezarmos por um ente querido e pai, nosso irmão no Episcopado Dom George El Haj, e também por nosso querido Bispo Dimitrios Hosni.

Eles estão agora no Céu, no descanso eterno junto a Deus.

E celebramos hoje esta Santa Liturgia especialmente pelo descanso das almas destes dois pais espirituais que serviram esta Igreja e seus fiéis por muitos anos.

Queridos,

Nestes dias do mês de agosto a Igreja Ortodoxa celebra duas grandes e importantes festas: a Transfiguração do Senhor Jesus no Monte Tabor e a Dormição da Mãe de Deus, Nossa Senhora.

Nesta data de 12 de agosto, 12 anos atrás, Dom George se despediu deste mundo, depois de mais de meio século de atividades clericais na Igreja Ortodoxa, para passar para o mundo do Pai Celeste.

A celebração das duas antigas festas mencionadas é especial para nós, pois, além das mesmas terem um aspecto histórico e litúrgico, têm também um sentido dogmático, ligado com a vida eterna, com Jesus Cristo.

Na festa da Transfiguração a Igreja canta por duas semanas o Condaquion, o qual explica o significado básico da festa, dizendo:

“Te transfiguraste sobre o monte, ó Cristo Deus, e teus discípulos contemplaram, como puderam, a tua glória; a fim de que, ao te verem crucificado, compreendessem que tua Paixão era voluntária, e anunciassem ao mundo que tu és, em verdade, o resplendor do Pai.”

Na Transfiguração do Senhor a luz divina enche os corações e as mentes daqueles que creem em Jesus Cristo, e, naquela ocasião, ele anunciou sua morte redentora, a qual sofreria em pouco tempo, ensinando que a ela se seguiria sua gloriosa ressurreição.

No dia da Transfiguração estavam presentes no monte, junto a Jesus, dois personagens do Antigo Testamento, Moisés e Elias, e três do Novo Testamento, Pedro, Tiago e João, e, ao se transfigurar, ele mostrou aos discípulos que é o Senhor dos vivos e dos mortos.

Sendo assim, a morte do fiel que crê na ressurreição de Cristo não o separa do Senhor Jesus, antes o aproxima ainda mais dele.

Nesse tempo litúrgico do ano Dom Georges foi transferido deste mundo terreno para o mundo eterno do Pai Celeste.

A segunda festa foi chamada pela Igreja de Dormição de Nossa Senhora, isso porque, para o Cristianismo, a palavra morte lembra a presença do pecado em nossas vidas, pois o motivo da morte é o pecado, como ensinou o apóstolo São Paulo.

Para nós, quem vive a vida de Deus, aquele que tem em si o amor de Deus e cumpre seus mandamentos não morre, mas se transforma, pois Deus é a vida verdadeira e o que nos afasta dele é morte.

Lembramos as palavras de Jesus, que disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.

O Tropário, um cântico litúrgico, resume o sentido da festa da Dormição e nos mostra como a Igreja entende o adormecimento em Cristo dos fiéis que creem em sua ressurreição.

Diz o cântico: “Em tua maternidade conservaste a virgindade, e em tua dormição não abandonaste o mundo, ó Mãe de Deus. Foste levada para a vida, sendo a Mãe da Vida. Por tuas intercessões, resgata da morte nossas almas.”

Nós pedimos, então, a intercessão da Virgem Maria para afastar de nós tudo que nos leva ao pecado e à morte, pois ela deixou esta vida passageira e foi para a vida e alegria eternas, junto ao Mestre da vida.

Queridos,

Porque nós usamos a expressão “Dormição” e não “morte”?

A resposta é: porque Nossa Senhora carregou dentro de si o doador e mestre da vida, e nós temos certeza de que ela foi transformada por Ele, seu filho, não somente na alma, mas também no corpo, pois, pelo nascimento de Jesus Cristo, ela foi feita seu templo sagrado, por isso chamamos esta festa de “Dormição”, e cremos que a situação dos fiéis adormecidos no Cristo crucificado e ressuscitado é a nova vida junto dele.

Cremos também que Jesus Cristo habita naqueles que tem fé nele e a alimentam através da Palavra de Deus e, em particular, com seu Corpo e Sangue recebidos em cada Divina Liturgia.

Quem recebe o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo e acolhe a Palavra de Deus com fé e obediência será semelhante a Nosso Senhor, pois o Jesus que se encarnou na Virgem Maria é o mesmo que recebemos na Santa Comunhão.

Queridos,

Depois da crucificação e ressurreição do Senhor Jesus Cristo vitorioso, este adormecimento, para quem nele crê, tornou-se um começo e não um fim, tornou-se um novo nascimento, e esta transformação, para o fiel, é uma renovação da vida num mundo novo com Deus.

Sendo assim, os que adormecem ou descansam no Senhor vivem em um mundo eterno, na vida eterna, no Reino de Deus.

E temos toda a confiança e esperança que o Senhor Deus preparou para nossos irmãos no Episcopado, Dom Georges e Dom Dimitrios, um bom lugar, onde não haverá dor, nem tristeza, mas descanso e vida eterna.

É isto que nos ensina também o Senhor Jesus no seu Evangelho quando diz:

“Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida”.

Assim, na realidade, eles não estavam somente ouvindo as palavras do Senhor durante suas vidas, mas também ensinando-as aos outros no decorrer dos anos de vida clerical.

Baseados nesta fé nossos irmãos Dom Georges e Dom Dimitrios viveram e adormeceram em Cristo, nos deixaram fisicamente para viver no repouso da vida eterna.

Dom George é não só parte viva da história de nossa Igreja, mas, na verdade, é uma figura histórica na vida da Igreja Ortodoxa Antioquina em geral e no Brasil em particular.

Desde Al Kura, no Líbano, onde nasceu, passando por Trípoli e Bkftin, até, finalmente, o Brasil, onde exerceu o ministério Sacerdotal e Episcopal por quase 50 anos.

Durante este tempo exerceu várias atividades patrióticas, humanitárias e eclesiásticas, num proveitoso trabalho pastoral, organizando e inaugurando várias paróquias, em um harmonioso e contínuo trabalho de colaboração com os membros da Sociedade São Nicolau do Rio de Janeiro, que sempre estiveram presentes e atuantes junto a seu pai espiritual nesta difícil e árdua tarefa de conduzir o rebanho do Senhor.

Já Dom Dimitrios, infelizmente, esteve poucos anos à frente desta Igreja no Rio de Janeiro, devido às suas enfermidades, e Deus logo o levou para junto de si, para o mundo de descanso.

Não podemos também deixar de mencionar a atuação e a disposição dos filhos e fiéis ortodoxos, homens e mulheres desta cidade, que mantiveram-se sempre ao lado de sua Igreja, para que assim o nome da Ortodoxia fosse sempre elevado e transmitido às gerações futuras como um magnífico e precioso depósito de fé, de esperança e de caridade, em conformidade com os ideais do Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Finalmente, em nome de Sua Beatitude, o Patriarca Ignátios IV, e de nossos irmãos Dom Romanós e Dom Marcos, nossos Bispos auxiliares, do Clero ortodoxo em São Paulo e do Conselho da Arquidiocese, unidos elevamos ao Pai Celeste nossas orações, para que suas almas bem-aventuradas estejam em seu merecido lugar, junto dos santos de Deus.

Igualmente, juntos agradecemos a solidariedade de todos que conosco se unem neste momento, pessoalmente ou por outros meios, na esperança e na certeza cristãs, com o consolo da oração final que agora dirigimos de coração a nosso Deus, pelo descanso das almas destes nossos irmãos adormecidos, Dom Georges e Dom Dimitrios.

Dom Damaskinos Mansour

Arcebispo Metropolitano

Rio de Janeiro, RJ

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