
ASSIM COMO NOS PERDOAMOS A QUEM NOS TEM OFENDIDO
O que chama nossa atenção nesta súplica é que Jesus relacionou dois atos, fazendo o primeiro dependente do segundo: o perdão de Deus das ofensas que cometemos contra Ele, e nosso perdão das ofensas que os outros cometem contra nós, O primeiro não se realiza sem o segundo. Jesus deixou isso muito claro quando disse: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:14,15). Ele sabia dos conflitos entre nós homens, de nossa desconfiança, falta de amor, confusão interna por causa de nossas paixões, e tudo isso fez com que Jesus impusesse o perdão como condição para obtermos o perdão divino.

Então, para nos reconciliarmos com nosso Pai Celestial, devemos sempre nos lembrar de que somos devedores a Deus, o qual nos perdoa sempre, tratando-nos como filhos. E baseados nisso nós devemos considerar nossos irmãos acima de nossa dignidade ferida, e perdoar as suas ofensas, ouvindo a Palavra de Deus: “Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” (Mateus 18:33).
O bom cristão não é aquele que dá esmola, mas sim aquele que perdoa sinceramente, porque geralmente é mais fácil fazer misericórdia ao meu irmão do que perdoá-lo. Não pagamos ao nosso irmão segundo sua ofensa a nós, antes conquistamos seu amor por nosso perdão a ele, Ao perdoar, purificamos nossos corações de todo rancor, amargura e desejo de vingança causados pela ofensa de nosso irmão, e obtemos a paz que Jesus nos deixou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou” (João 14:27), pois a paz é o fruto do perdão, e nosso Evangelho é o Evangelho da paz e da reconciliação. Por isso Jesus enfatizou: “Se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta” (Mateus 5:23,24). E permanece a exclamação de Jesus sobre a Cruz, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas 23:34) como motivo de orgulho e símbolo do perdão de Deus para cada cristão que ama a Deus e a seu próximo.
Às vezes hesitamos entre o perdão e a justiça, balançamos entre a justiça que exige seu direito e o amor que perdoa. O cristão não despreza a justiça social, mas no caso de injustiça ele não pode transformá-la em vingança. Deus nos ensinou a extrair o bem da injustiça, perdoando, como aconteceu na história de José do Egito, que perdoou seus irmãos, e foi o próprio Deus que lhe fez justiça no final. “Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor (Romanos 12,19), e nossos são o perdão e o amor.
Amém.