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Domingo da ortodoxia

Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Amém.

Reverendo irmão Bispo Romanós,

Reverendos Padres,

Diletos filhos em Jesus Cristo.

Este domingo é a primeira estação de nossa viagem Espiritual da Quaresma, a qual será coroada, no sétimo domingo, pela Santa Páscoa. Esta estação foi chamada, na Igreja Ortodoxa, de “Domingo da Ortodoxia” ou Domingo dos Santos ícones

Mas, qual acontecimento histórico e dogmático deu origem a este domingo? Por que ele recebe esse nome?

Esta data nos leva historicamente ao ano 843, (nono século) quando a Imperatriz Teodora, que foi uma mulher piedosa, ordenou o fim da guerra religiosa que durou mais de 120 anos no Império Bizantino.

Ela promulgou uma lei e, com isto, confirmou a decisão pacificadora do 7º Concílio Ecumênico, o qual tratou da questão dos ícones e do retorno dos mesmos às igrejas.

Esta lei imperial foi o início da paz e da união das Igrejas no Império Bizantino.

Este evento, tanto para as Igrejas do Oriente, quanto para as Igrejas do Ocidente, é a expressão da vitória e confirmação dos retos ensinamentos e doutrinas e, por isso, foi chamado “Domingo da Ortodoxia ou Domingo dos Santos Ícones. ”

Desde esta data as Igrejas Ortodoxas no mundo celebram, no primeiro Domingo da Quaresma, esta festa, fazendo procissão com os santos ícones, e é também desta época a criação do que chamamos “iconostácio”, esta parede na qual colocamos os ícones de Jesus, de Nossa Senhora, de São João Batista e do Santo padroeiro da Igreja, dos apóstolos e outros Santos e dos Anjos, bem como das festas principais do Senhor Jesus e Nossa Senhora.

Nesta mesma época foi criada na Igreja a chamada arte iconográfica bizantina.

A palavra “Ortodoxia” foi usada exatamente em relação a este Domingo, após o 7º Concílio Ecumênico, que proclamou, como já dissemos, ser legítima a veneração dos ícones, pois essa veneração nos mostra a realidade da Encarnação do Senhor Jesus.

A vinda de Cristo na carne é o fundamento da veneração dos santos ícones. Cristo encarnado é o ícone essencial e o protótipo de todos os ícones.

Mas o que é um ícone?

Ícone é uma palavra de origem grega e significa “imagem” ou “semelhança”, feito pelo jejum e oração de cada iconógrafo.

Pois o ícone não é um enfeite, mas um objeto que nos mostra uma presença santa em nossos templos e nos nossos lares, lembrando-nos, assim, da vida do Senhor Jesus e dos seus santos.

Também quero chamar a atenção para o fato de que nem toda imagem é ícone. O ícone consagrado visa ser objeto sagrado, lugar de encontro entre Deus e o homem.

Por isso todo templo ortodoxo possui o sagrado iconostácio, colocando à contemplação dos fiéis os santos ícones, porque todo ícone é um raio de luz da indivisível Luz de Deus, como cantamos na Grande Doxologia: “Na tua Luz vemos a luz.”

- O ícone é um aspecto particular da presença divina e, assim, devemos venerá-lo hoje e sempre.

O ícone é uma ferramenta material que nos ajuda na adoração a Deus, é parte importante para o complemento da Liturgia, e também a expressão do pensamento teológico, pois tem, para nós, um significado espiritual, expressa a nossa presença e participação com quem foi representado pela pintura.

O ícone é igualmente um meio de união entre aquele que ora, Deus e todos os seus Santos, de uma maneira mística. Conforme ensinou São João Damasceno, o ícone tem a força da graça divina, mas de um modo místico; por isso muitas vezes encontramos ícones milagrosos.

Hoje nós fazemos a procissão com os ícones com toda reverência e devoção, aspergindo-os com água benta, para que possamos colocá-los em nossas casas, considerando-os fonte de santificação e bênção para nossas vidas.

Que Deus vos abençoe, e, por sua graça, torne todos nós, cada vez mais, ícones vivos do Senhor Jesus Cristo que aceitou voluntariamente a encarnação para nossa salvação.

Dom Damaskinos Mansour

Arcebispo Metropolitano

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